pratos em cerâmica: Alberto Cidraes texto e entrevista: Gabriel Rufo |
O
Peixe
É certo
que peixes pequenos mirem nos peixes grandes, para aprender a nadar ou simplesmente
para despertar potencialidades.
Artista
itinerante, com um movimento que é refletido em sua obra. Entre o primitivo e o
moderno, apenas entendemos o espaço que ele ocupa, o espaço do movimento
constante, por isso é tão difícil respostas, pois essas, mudam com o movimento.
Homem
do mundo e dos tempos, que ao seu tempo, esse mesmo, construiu um templo que
podemos tocar com as mãos, é claro que tentamos entender o que se estar a criar
dentro dessa permanência criativa, mas apenas somos tocados por esse mestre,
educador e construtor de mestres. Em seu trabalho, entidades brotam, e essas
sim, já possuem um lugar fixo. Pedestais, tronos, portadas, jardins e a memória
de quem mira. Definir a sua obra é como definir a própria memória. Que tempo é
esse? simplesmente é o tempo do movimento de criar.
O que pensa sobre o olhar do público em relação a sua cerâmica?
Total incompreensão
ou total empatia.
Qual das técnicas em cerâmica você prefere?
Baixa tecnologia, a mão e o barro.
Quais desenvolve, hoje, com mais precisão?
Modelagem livre e desenho em sgrafito.
O que pensa da arte como forma de expressão?
Tem que ser revolucionária.
O que pensa da arte como forma de sobrevivência?
Tem que encontrar seu
consumidor natural.
O que pensa da arte como valor de moeda?
Pode ser um produto para especulação
quando o artista consegue se tornar um mito através de um bom marketing.
Sua arte preocupa-se com questões sócio-políticas?
Não, mais filosóficas e
espirituais, pois o buraco é mais em cima.
A arte inserida em um contexto sociológico é arte engajada?
Acho que sim.
Quais as principais influências em sua produção artística?
Étnicas, históricas
mas num contexto abstrato. Surrealismo Antropológico?
Como se dá o seu processo criativo?
Espontaneamente.
Você considera o temário de seu trabalho interiorizações ou a exteriorizações da arte?
É uma exteriorização que nasce de muitas interiorizações.
Por que produzir?
É uma necessidade inexplicável.
No que isso melhora sua
existência?
Um diálogo comigo mesmo conectando vários momentos.
Fale de suas formas de expressão.
Não sou um devoto da contemporaneidade, nem
um émulo da tradição, gostaria de produzir atemporalidade, de criar dificuldade
na datação de meu trabalho daqui a 10000 anos.